Poemas e Reflexões
Quem sou eu
- Paulo Viana
- Pacoti, Ceará, Brazil
- Funcionário Público, Varzealegrense, casado,55 anos
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Cais
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
Com que roupa vestirei minha alma?
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Opção
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Sentimento
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
Viagem
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Página Virada
terça-feira, 18 de outubro de 2011
A Importância do Ato de Ler
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Outubro
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Universais
Não preciso estar solitário
Saudoso, desamparado
No árido mundo real
Posso cantar a solidão
A saudade e o desamparo
Do mundo transcendental
Porque meu mundo é poético
E meu desconsolo estético
Nem sempre é sentimental
Paulo Viana
quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Pacoti
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Liberdade e Dúvida
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
O Ser e o Vir a Ser
A mente é uma página rabiscada
Um formulário a ser preenchido
Com dados de cada dia vivido
E a experiência então acumulada
A cada momento ela é transformada
Na dialética do eterno vir a ser
Porém não perdemos nosso ser
Que mantém intacta a identidade
Aquela que busca a felicidade
Mesmo sabendo que vai perecer
Paulo Viana
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Estações
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Desenlace
Depois da partida
Apenas o silêncio esquecido
O ressoar misterioso do limbo
Não importa mais as glórias
Ou a labuta insistente da fé
Só os corações mais avizinhados
Aqueles que repicaram juntos
Sentem o eco daquela existência
Além disso, o paradoxo
O nutrir-se de carne e esperança
Para ser alimento natural da finitude
Paulo Viana
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
O tempo e a Vida
Esses dias, sol andarilho, sombras e sonhos
Roldanas de luzes e escuridão
Luas cantadas, cheias e minguantes
Ah, essa névoa tão rápida, esses desejos
Esses minutos, grãos da eternidade
Ciclos, passagens, crianças, adultos
Esses momentos, essas alegrias, esses amigos
O riso, o choro, a indiferença, o amor, a música
As dores, a saudade, o esquecimento
O tempo é pra sempre, a vida é que passa
Paulo Viana
segunda-feira, 15 de agosto de 2011
Poesia
Poesia é palavra e sentimento
É momento interno, canções da alma
Emoção real que se fantasia
É a música sem melodia
Essência do verbo e do tempo
Confusões de um diálogo torto
O coração, com sua linguagem única
Sentindo e querendo dizer
E a razão com seu ouvido mouco
Fingindo que pode entender
Paulo Viana
terça-feira, 9 de agosto de 2011
Caminhar
Antes de caminhar
Mas são os passos que encontram os espinhos
Que, por sua vez, nos ensinam a pisar
E se as dores nos deixam sozinhos
Restam as flores para nos confortar
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Transição
Fim de tarde... O silêncio é fluido
Meu desejo é uma tatuagem no tempo
Por isso tem asas
O pensamento delira sobre laços e liberdade
Projeções de nuances infantis e artísticas
Refletida em olhares e dizeres
Os olhos e a poesia
O estar e não estar presente
Não tenho certeza onde estou navegando
Talvez a fantasia tenha me expulsado
A realidade, essa lâmina afiada, espuma que alegra
Estou pronto... Pode vir.
Paulo Viana
sexta-feira, 22 de julho de 2011
Jardineiro e Vento
Não sou poeta
Sou jardineiro das letras
Por transpirar em sonhos
Cultuando flores distantes
Em jardins improváveis
Não sou poeta
Faço versos em suaves ventos
Por erguer borboletas
Dançarinas noturnas
Em fronteiras alheias
Não sou poeta
Sou jardineiro e vento
Para as flores e as borboletas
Cada uma no seu momento
Paulo Viana
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Mundos
Não quero filosofar sobre mundos
Eles existem e ponto
Carrego comigo um deles
Com todo o peso da existência
E com a suavidade da essência
Uma entrelaçada a outra
Repartindo minhas dores e prazeres
À noite, ao deitar, repousa o existir
Deixando fluir o essencial
Lampejos oníricos de anseios e conflitos
Ainda estou ali, porque sou noite e dia
Sol e escuridão, luz e trevas
Sou o animalesco suor do desejo
E a serenidade da reflexão
Por vezes esqueço a placidez
E a energia do fulgor anímico brilha
Então porque pensar sobre mundos?
Eu sou meu próprio mundo
Por vezes me harmonizo com os outros
Buscando o equilíbrio de estar e não estar só
Porque existo na essência do outro
E sou essência da sua existência
Não quero a filosofia dos mundos
Quero a vivência deles
Na carne e no espírito
Consumir todo o fogo, até as cinzas
Cingindo meu caminho no tempo
Até passar sob o umbral do infinito
Paulo Viana
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Sonhos e Sombras
Meu coração é portavoz constante
Do mais profundo da intimidade
Do véu sublime da sinceridade
Na expressão de mim a cada instante
Porém há versos ditos em rompante
Para compor rimas e poesia
Que são apenas minha fantasia
Sonhos e sombras em ebulição
O despertar solene de um vulcão
Da minha essência que se pronuncia
Paulo Viana
sábado, 2 de julho de 2011
Vida Simples
É simples e agradável caminhar por entre as árvores, respirando um ar quase sem monóxido de carbono, ouvindo as melodias esparsas dos cânticos dos passarinhos, com o vento roçando nas folhas e trazendo a atmosfera do inverno. É bom sentir os primeiros raios do sol, sob um céu infinitamente azul e nuvens branquíssimas em contornos fugidios, adornando a nossa imaginação.
Aqui, nestas montanhas, onde a exuberância do verde resiste à avidez inesgotável dos homens de apropriar-se da natureza, há sinais inconfundíveis de vida legítima, sem os atropelos estressantes das metrópoles, sem os incompreensíveis anseios hedonistas e o desejo incomensurável de destacar-se pelo acúmulo de propriedades. Apenas a vida, simples e profundamente envolta na sabedoria do pensar em estratégias de exercer a destreza, a inteligência, a capacidade de construir, sem, no entanto, destruir as condições de existência.
Nestas terras, onde vivem plantas e aves, que tão belamente nos acompanham nessa maravilhosa experiência que é viver, sinto-me sob um encanto que, ao contrário de parecer primitivo, nos remete à última aventura dos seres humanos que é idealizar um paraíso para edificar a sua morada.
Neste esplendoroso oásis de esperança, onde espécies ameaçadas se escondem bravamente, com receio de enfrentar a psicopatia da nossa espécie, tão paradoxalmente marcada pela engenhosidade, inteligência e acúmulo de conhecimentos, confrontados com a falta de critério e o desmando na condução do seu processo evolutivo, causando males irreversíveis à sua morada, ainda percebo o quanto é belo o mundo e a vida.
Salve a arte e a ciência que cura, porque elas evitaram que a civilização humana se transformasse em um fracasso total.
Seria bom se pudéssemos recomeçar, conscientes dos males que a revolução industrial causou, que o desmatamento generalizado provocou e as consequência da ganância pelo lucro e pelo prazer imediato. Talvez, com toda a nossa criatividade, conseguíssemos viver respeitando o mundo natural e construindo uma civilização menos irracional. Descobrindo, principalmente, que a Natureza tem as resposta para todos os problemas que ela mesma causa.
Infelizmente não é possível recomeçar, mas é possível viver de forma simples, em montanhas que ainda preservam as condições mais favoráveis para a vida. Por isso viverei até o fim dos meus dias nestas montanhas maravilhosas, convivendo com o mais prazeroso e pacífico anonimato.
Paulo Viana
terça-feira, 28 de junho de 2011
O Cursor e o Tempo
Pulsando sobre a luz branca do papel virtual, ávido por desenhar palavras organizadas em um sentido inteligente e inovador, o cursor desafia a criatividade e suplica ideias. Sem querer discorrer sobre assuntos já debatidos, o autor, vacilante passageiro dessa viagem única e sem volta, desvia o olhar do passado, controlando o impulso para não projetá-lo no futuro. Ao tentar fixar-se no presente, percebe que este é apenas um momento de transição, uma oportunidade para ajustarmos a trajetória da vida, no sentido de conduzi-la, com mais tranquilidade, à produção de caminhos menos tortuosos e mais harmoniosos.
Quantas oportunidades perdemos, ao longo dessa caminhada, de mudar nossas atitudes, resolvendo problemas que insistimos em manter, por fraqueza, por dependência, pela manutenção de um prazer que mais prejudica do que beneficia; Pela falta de coragem de abrir mão do rotineiro; Pelo medo do novo! Quantas vezes sucumbimos ao apelo do prazer imediato, da ansiedade e da solidão, que nos fazem consumir sem necessidade, nos enganando ao conceder milésimos de segundos de conforto e nos desamparando a seguir. O presente é o único momento que temos para evitar que o futuro seja uma reedição do passado ruim. Em todas as vidas há correções a se fazer.
Mas o presente é, também, o momento de consolidar avanços em nossas vidas; De manter as atitudes positivas; De resistir, com nossos valores morais, à sedução dos ganhos fáceis e ilícitos e de reafirmar nosso amor ao mundo, à vida e às pessoas que amamos de verdade. É uma dádiva única, solitário instante de luz brilhante em nossa alma; Efêmero brilho, que se apaga quando se veste de passado, e reacende, quando o futuro se apresenta pulsante como este cursor exigente.
O passado projeta no presente as sementes do futuro. Basta saber escolher os grãos a serem semeados. Escolhendo os grãos errados teremos uma colheita ruim. E o tempo de semear é todo dia, assim como o tempo de colher. E o único fertilizante que devemos aplicar é o amor à vida.
Pois eis que discorrendo sobre passado, presente e futuro o tempo passou e a avidez do cursor foi acalmada, embora ele continue solicitando um fechamento do texto e da ideia. E como poderíamos satisfazê-lo? Se cada um dos leitores, ao final da leitura dessas palavras, fizer uma reflexão sobre as sementes que vai plantar naquele dia, ou no dia seguinte, e apostar em terrenos mais férteis em paz, harmonia, alegria e amor, tirando as ervas daninhas do egoísmo, da ambição, da intolerância e da indiferença, se estas existirem na lavoura de suas almas, certamente o cursor poderá sentir-se satisfeito ao desejar que palavras fossem escritas na luz branca desse papel virtual.
Sabemos que na vida, como na natureza, as intempéries são possíveis, e acontecem “tempestades”, tragédias e outros fenômenos. Ergamo-nos, como se ergue a natureza, e reconduzamos a vida ao seu caminho normal. Ao mal que não podemos evitar temos o amor à vida. Ao mal que podemos evitar temos o presente para refletir e semear o que venha nos trazer o bem. O resto é hormônio.
Paulo Viana
terça-feira, 21 de junho de 2011
Essência
Seja na dor ou no sorriso
Na alegria ou na sobriedade adulta
Porque reduzi meus anseios
Compreendi as utopias
E mudei as referências, aproximando-as da simplicidade
Onde estiver, serei apenas o que já sou
Mas trilho os caminhos de horizontes espirituais
Sem o misticismo doutrinado, ou a mitificação do incompreensível
Buscando evoluir nos limites do que está submerso potencialmente
Na aprendizagem e na leveza da sabedoria
No exercício do ser, em sua mais pura essência
Reconhecendo a vulnerabilidade do corpo
E elevando-me às fronteiras do espírito
Sem intermediários externos
Meditando sobre minhas ações
Sendo meu próprio preceptor
Tendo como único e suficiente princípio o fato ser humano
Este maravilhoso animal que bem sabe construir a destruição
Mas que, também, reconstrói seus sonhos, seus desejos, suas ilusões e fantasias
Com sua destreza e a criatividade artísticas
Essa bactéria infame, que infeccionou a terra viva
Mas carrega em si as emoções, o dom do amor e da amizade
Tenho um profundo desejo de atravessar meus dias em plenitude
Sem querer alcançar valores absolutos
Porém vivenciando toda a minha essência ontológica
Paulo Viana
domingo, 12 de junho de 2011
Românticas
Antes da tua aventura onírica
Entre a vigília e o sono
Sorri, por essa ironia
Porque és tão real
No mundo da fantasia
Porque as palavras te buscam
Se já és a poesia
Como podes estar tão perto
Se tudo te distancia
Paulo Viana
Não temos uma música
Daquelas que marcam momentos
Mas vejo melodia em teu sorriso
Ritmo em tuas palavras
E harmonia em teu olhar
Portanto, és tu a própria canção
Não conheço tua voz
Mas escuto teu silêncio
Paulo Viana
O sol das tuas manhãs
Este mesmo sol que me aquece
Beija em teu rosto as maçãs
Depois em luz me oferece
Paulo Viana
Tuas mensagens são chuva
Do céu transcendente onde habitas
Brandas gotas, pequeninas estrelas
Fertilizando minhas emoções
Fortalecendo a esperança
E inundando minha alma de alegria
Paulo Viana
Foste neblina
Agora és chuva
Na minha fantasia
Serás tempestade um dia
Paulo Viana
domingo, 5 de junho de 2011
Neblina
Ah, essa emoção estranha, esse desejo platônico
Move-se pelas imagens e penetra no silêncio virtual
Adivinhando o conteúdo dos sonhos
Espreitada por essa razão de lógica fatídica e previsível
Mesmo assim, disfarça-se em versos e explode em palavras
E, depois que germina, o improvável a alimenta
Os raios de um sol impossível iluminam sua vitalidade
E ainda, na antevéspera da paixão, cresce, cresce
Os inúteis anteparos da praticidade tombam impotentes
Porque logo vira véspera de um iminente pulsar emocional
Nas entranhas inicia-se o peso, um misto de angústia e quase gozo
Por fim, uma nebulosa instala-se no espaço da lucidez
O coração acelera com uma imagem, ou diálogo
Deixo fluir, simplesmente, como um rio depois das chuvas
Não é tempestade, porque os corpos nunca se encontraram
É neblina suave, molhando devagar
Até que esse carisma atravessou o peito e fez pequenas poças no coração
Com diversos matizes de sentimentos
E a paixão faz-se rebento
O formalismo racional apenas observa, pois já não tem mais força
Não pode lutar contra a expressão do mais profundo da existência
Não pode impedir que o amor construa sua caminhada
Por mais difícil e distante que ela seja
Se jamais chegar a seu destino, se consolidando em sua concretude,
Pelo menos terá derramado sua essência pelo caminho
E terá criado a perspectiva de se vislumbrar a felicidade
Que venha! Tenho versos secretos para ela
Paulo Viana
sábado, 28 de maio de 2011
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Pranto
Quero dizer em palavras modestas
Na placidez solene do meu canto
Que do meu íntimo aflora um pranto
Quando alguém destrói uma floresta
Não por insulto, mas por quem contesta
Vou protestar contra essa maldade
Pois quem comete tal insanidade
É tão pequeno em Inteligência
Tão limitado em sua consciência
Que não é digno de ter liberdade
Paulo Viana
terça-feira, 24 de maio de 2011
Bolor Medieval
Tenho navegado muito na internet e leio artigos, comentários e outras publicações nas redes sociais, sites e blogs. Tenho o mesmo princípio de Voltaire, o clássico “posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizer”. Por conta disso, silenciei diante de manifestações absurdas de mentes retrógradas, preconceituosas, hipócritas e reacionárias, que não conseguem conviver com as diferenças e com as mudanças. E o que é pior, por terem galgado um posto medíocre na escala social, idolatram os títulos, mesmo que sejam adquiridos por meios duvidosos, e condenam a inteligência intuitiva. Defendem uma elite por querer pertencer a ela. É uma pobreza de espírito que dá ânsia de vômitos. Talvez fosse melhor ignorar essas mentes pobres, mas eu já ignorei demais e quero escrever sobre isso.
São essas pessoas que admiram os ditadores, inclusive, vez ou outra, manifestam atmosfera de saudade do militarismo criminoso que se estabeleceu no Brasil a partir de 1964. São eles que tratam os homossexuais como pessoas doentes ou mesmo, sem-vergonhas. Muitos desses hipócritas citam a Bíblia, falam em consciência cristã ou se arvoram de moralistas. São arrogantes dessa natureza que cultuam o machismo exarcebado, que minimizam a importância da mulher nas relações econômicas, sociais e políticas, do mundo, nos dias atuais e, por fim, são esses espectros de desumanidade que subestimam e discriminam pessoas por morarem em regiões mais pobres.
O que ameniza, nesse contexto de reacionarismo, é o fato dessas vozes não possuírem muito público, que os ouça e que se interesse por suas aberrações pseudo-intelectuais. São cães que insistem em ladrar, quando a caravana já passou há muito tempo.
Não me cabe citar nomes, até porque essa psicopatia é comum em muitas pessoas que, felizmente, já não encontram eco nos formadores de opinião verdadeiros e nos principais pensadores da realidade, o que, por conseguinte, são ideias que morrem em seu nascedouro isolado e marcado pelo bolor.
O bom senso nos remete ao horror do nazismo e do fascismo. Essa estrutura psicológica, elitista, apreciadora da ideologia da raça pura propiciou aqueles momentos estarrecedores da história humana. Por isso não consigo mais me omitir. Meu senso de humanidade, mesmo sem seguir nenhuma religião, não consegue conviver com o desprezo pelos miseráveis, pelos simples, pelos diferentes, pelos que não têm oportunidade de se defender ou por aqueles que não possuem as especificações no rótulo dos conservadores medievais.
Paulo Viana
Vida
O que me cabe neste mundo
Nesta aventura agridoce?
Por que o acaso me trouxe
Qual o sentido profundo?
Já pesquisei bem a fundo
Tais perguntas proferidas
Querendo entender a vida
Mas a resposta não veio
Permaneço sem esteio
Sem a resposta devida
Talvez nem deva existir
Ou, quem sabe, é somente
Viver tudo intensamente
Amar, chorar e sorrir
Paulo Viana
sábado, 21 de maio de 2011
Segredo
Um segundo, apenas,
Só para contemplar esse segredo
Vislumbrar os códigos secretos
Surfar na luz plena de todas as verdades
Mesmo que se revelassem somente delírios
Sem que a profundidade se confirmasse
Ou fosse o que se afirma na superfície
Suavemente, como um jardim de plumas
Tão evidente como a paisagem
Tornando vã toda a ansiedade de passeio pela transcendência
A inatingível dimensão onde habitam a bondade e a perfeição
Onde está a resposta da primeira luz
E antes? Ah, essa inquietação sem freio, vã ansiedade oportunista
Delirar sobre o tempo, sobre o vento, as estrelas, o ontem
Querer confrontar-se com o impalpável
Declinar do confortável véu da ilusão
Ah, esse desejo infindo de saber, de por as mãos na essência do impossível
Cavalgar sob o dorso invisível da inerência
Um segundo seria o bastante
Pois, se é que existe esse segredo, uma vez visto,
Naquele instantâneo e mágico segundo,
O tempo estaria congelado eternamente
Porque a verdade se perenizaria na gnose
E veríamos, por fim, a extremidade
Que nos puxa para a recomposição do silêncio
Mas que ainda tateia na efervescência barulhenta do caos
Paulo Viana
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Eternidade Obsessiva
Quando me enxerguei naquela imensidão estranha
Como se fosse um ser distinto e privilegiado
Pensei ter descoberto a eternidade, o infinito gozo do viver
E me fortaleci na pedra e no poder das mãos
Arrancando pedaços do ser e jogando na construção da minha individualidade
Reconstruindo a alma, agora frágil e suscetível alma
Devastando a vida ao meu redor, por entender-me como a vida maior
Com o olhar petrificado no horizonte infindo
Mas eis que o vulnerável templo se desfez no outro
E vermes invisíveis o fizeram pó
Meu destino ficou claro e o olhar viu a angústia e a efemeridade de ser e estar
E a presença do não ser me fez obsessivo, buscando o ser eterno
E ainda quero e faço-me ciente e ciência disso
A força inerente da vida me fez abraçar o desafio
Antes que caia o último meteoro
Antes que hecatombes destruam a última combinação de carbono
Nem que me reste somente a última molécula de ar puro
Que haja sucumbido toda a beleza e todos os outros seres
Com minhas mãos e o pensamento buscarei a eternidade
Pois me dei o direito de assumir o papel de Deus
Da criatura forjada no medo, que criei e agora descarto
Pois já não creio mais na sutileza e permanência do espírito
Sou eu o senhor do destino
Sou eu que vagueio entre o herói e o ridículo
Paulo Viana
domingo, 15 de maio de 2011
Estilhaçar
Não posso descrever o sentimento
Que transbordou do teu olhar distante
Até a luz do sol naquele instante
Não tinham a mesma cor no firmamento
Em mim, configurou-se um tormento
Uma incontrolável aflição
Pois nos teus olhos vi a confissão
Que fez meu sonho desestruturar
Como se fosse o estilhaçar
Do meu inquebrantável coração
Paulo Viana
quarta-feira, 11 de maio de 2011
Cumplicidade
Em sonho mágico e surpreendente
Eu visitei o mundo metafísico
Na transcendência do meu corpo físico
Plainando livre com os braços da mente
E numa luz forte resplandecente
Ao cintilar na essência da brancura
Eu vislumbrei o amor e a loucura
Na perfeição de uma cumplicidade
Buscando a forma da felicidade
Na efervescência da minha alma pura
Paulo Viana
segunda-feira, 9 de maio de 2011
Tempo
O tempo é um rio violento
Que arrasta as ilusões
Os sonhos e as emoções
Leva a dor e o tormento
Correndo a todo momento
No inverno e no verão
No dia e na escuridão
Só não leva o amor
Porque ele estacionou
Dentro do meu coraçãoquarta-feira, 4 de maio de 2011
Saudade
A saudade é um punhal agudo
Cravado no tempo e no coração
Essência perdida de uma paixão
Voz e silêncio de um grito mudo
É um nada e é também um tudo
Solitário apelo de um grande amor
Fugidio perfume de uma velha flor
Emoção que enche um peito vazio
Tristeza presente em um lar sombrio
Misto envolvente de ternura e dor
Paulo Viana
terça-feira, 3 de maio de 2011
Soneto
É apenas um piscar de uma estrela
E portanto é difícil descrevê-la
Ou dizer se está sendo bem vivida
Mas se nós a conduzirmos bem sentida
Sem querer, só pensando, resolvê-la
Bem mais plena e saudável vamos tê-la
E a dúvida do ser será contida
Pois nos basta buscar a harmonia
Apostando na paz e na alegria
Que o espírito será recompensado
E o tempo senhor da nossa idade
Na sua inevitável realidade
Mostrará nosso ser realizado
Paulo Viana