A juventude é o período da vida em que nos deparamos com as mudanças, com novas experiências, com a definição do nosso perfil, do nosso estilo, dos nossos valores, com a consolidação, enfim, de nossa máscara diante da sociedade.
Apresentam-nos, nessa busca, portas como o engajamento político, o meio artístico, as drogas, a universidade, oportunidades de emprego, relacionamentos afetivos, a ociosidade simples, a falta de perspectivas e outros meios que nos fazem inaugurar o compromisso conosco, com nossas escolhas, com os alicerces do nosso futuro. Como não somos maduros para a escolha da porta considerada correta, fica a cargo da nossa história, até aquele momento, a indução para entrarmos. Somos empurrados pelo nosso próprio passado, vivido com a família, ou sem ela, para o mundo novo que queremos enfrentar. É claro que alguns entram e saem por várias portas, experimentando e tentando adaptar-se a uma nova realidade, por vezes aceitando orientações dos mais velhos.
O espírito jovem trazia, consigo, antes, os germes das revoluções. Digo que trazia porque hoje, com o quase que total envolvimento com a mídia, com a internet, com outras ferramentas de comunicação e com os radicalismos comportamentais, lhes são apresentadas, já prontas, revoluções “enlatadas” nos modismos, nos discursos dos rebeldes sem causa bem definida, nos jogos violentos, nas parafernálias tecnológicas, nas reivindicações individuais das chamadas minorias, na falta de compromisso afetivo, na decadência das ideologias políticas e das religiões, na desvalorização das tradições e de valores humanos consistentes e, por fim, na veneração do ter em detrimento do ser.
Tudo isso serve como pano de fundo para que, o que poderia ser uma vanguarda para lutar contra as injustiças, as desigualdades sociais, os privilégios das elites, o falacioso arcabouço legal e teórico que fundamenta a suposta democracia, fique perplexo diante de tantas possibilidades e não tenha tempo, dada a velocidade com que mudam essas possibilidades, de conhecer a realidade com mais profundidade, de desenvolver o senso crítico, de pensar nos valores humanos, de desejar uma transformação verdadeira, para que a humanidade amadureça de forma concreta, extinguindo problemas como a fome, o descaso com a Natureza, os desconfortos de muitas pessoas e outras mazelas que não me afetam e nem a muitos jovens, mas que seria justo se pensássemos em quem elas afetam. Por isso, não há nada realmente novo. Os jovens estão imobilizados.
Não estou querendo me valer de sentimentos cristãos, pois sabem bem os que me conhecem que considero as religiões as maiores pecadoras da humanidade, com sua hipocrisia vestida de comiseração, com a covardia disfarçada de amor e, principalmente, com a omissão em momentos importantes da história, como o Nazismo e a Escravidão.
Valho-me de uma ética humanista, da valorização da vida. Afinal, somos seres pensantes e, se somos saudáveis, temos uma visão positiva do outro, desejando-lhe, assim como para nós, o bem. E se tivermos de competir, de lutar, de exercer o direito do guerreiro que temos em nós, que seja contra àqueles que só pensam em si, que degradam a vida, que querem o poder a qualquer custo e que são inimigos da liberdade e do que é justo.
Sei que a razão não é mestra da perfeição. Por muitas vezes ela sucumbe às investidas de emoções autoritárias e é este o maior desafio. Mas seria bom se os jovens, com todo o potencial de transformação que têm, pudessem exercer, a partir de um estímulo interno, de uma revolta fundamentada numa ética do sentimento de justiça, seu papel de vanguarda, organizados e com uma base racional sólida, para que o mundo mudasse para melhor.
Paulo Viana
Apresentam-nos, nessa busca, portas como o engajamento político, o meio artístico, as drogas, a universidade, oportunidades de emprego, relacionamentos afetivos, a ociosidade simples, a falta de perspectivas e outros meios que nos fazem inaugurar o compromisso conosco, com nossas escolhas, com os alicerces do nosso futuro. Como não somos maduros para a escolha da porta considerada correta, fica a cargo da nossa história, até aquele momento, a indução para entrarmos. Somos empurrados pelo nosso próprio passado, vivido com a família, ou sem ela, para o mundo novo que queremos enfrentar. É claro que alguns entram e saem por várias portas, experimentando e tentando adaptar-se a uma nova realidade, por vezes aceitando orientações dos mais velhos.
O espírito jovem trazia, consigo, antes, os germes das revoluções. Digo que trazia porque hoje, com o quase que total envolvimento com a mídia, com a internet, com outras ferramentas de comunicação e com os radicalismos comportamentais, lhes são apresentadas, já prontas, revoluções “enlatadas” nos modismos, nos discursos dos rebeldes sem causa bem definida, nos jogos violentos, nas parafernálias tecnológicas, nas reivindicações individuais das chamadas minorias, na falta de compromisso afetivo, na decadência das ideologias políticas e das religiões, na desvalorização das tradições e de valores humanos consistentes e, por fim, na veneração do ter em detrimento do ser.
Tudo isso serve como pano de fundo para que, o que poderia ser uma vanguarda para lutar contra as injustiças, as desigualdades sociais, os privilégios das elites, o falacioso arcabouço legal e teórico que fundamenta a suposta democracia, fique perplexo diante de tantas possibilidades e não tenha tempo, dada a velocidade com que mudam essas possibilidades, de conhecer a realidade com mais profundidade, de desenvolver o senso crítico, de pensar nos valores humanos, de desejar uma transformação verdadeira, para que a humanidade amadureça de forma concreta, extinguindo problemas como a fome, o descaso com a Natureza, os desconfortos de muitas pessoas e outras mazelas que não me afetam e nem a muitos jovens, mas que seria justo se pensássemos em quem elas afetam. Por isso, não há nada realmente novo. Os jovens estão imobilizados.
Não estou querendo me valer de sentimentos cristãos, pois sabem bem os que me conhecem que considero as religiões as maiores pecadoras da humanidade, com sua hipocrisia vestida de comiseração, com a covardia disfarçada de amor e, principalmente, com a omissão em momentos importantes da história, como o Nazismo e a Escravidão.
Valho-me de uma ética humanista, da valorização da vida. Afinal, somos seres pensantes e, se somos saudáveis, temos uma visão positiva do outro, desejando-lhe, assim como para nós, o bem. E se tivermos de competir, de lutar, de exercer o direito do guerreiro que temos em nós, que seja contra àqueles que só pensam em si, que degradam a vida, que querem o poder a qualquer custo e que são inimigos da liberdade e do que é justo.
Sei que a razão não é mestra da perfeição. Por muitas vezes ela sucumbe às investidas de emoções autoritárias e é este o maior desafio. Mas seria bom se os jovens, com todo o potencial de transformação que têm, pudessem exercer, a partir de um estímulo interno, de uma revolta fundamentada numa ética do sentimento de justiça, seu papel de vanguarda, organizados e com uma base racional sólida, para que o mundo mudasse para melhor.
Paulo Viana