Procuro incansavelmente uma fonte confiável, que mostre com limpidez a verdade, que nos faça acreditar que não mente, em nome dos próprios interesses. Procuro, feito Diógenes Laércio, com uma lâmpada acesa em pleno dia, um caminho tranquilo, sem os espinhos da mentira, as pedras da arrogância, os abismos da desonestidade, os obstáculos da enganação. As igrejas, que poderiam ser tais caminhos, sucumbem podres, sob um manto falso de seriedade, manchadas, ora pela imoralidade dos seus membros, ora pela ganância desenfreada de homens inescrupulosos que se dizem bispos. Os partidos políticos que, em teoria, possuem programas quase perfeitos para o bem da maioria, decaem, em lama fétida, nos bastidores do poder. A imprensa, esperança de esclarecimento dos fatos, com a versão verdadeira, não passa de uma enorme cadeia de geração de falsas verdades, conforme lhes sirvam e atendam às metas da audiência.
É assim, a civilização engendrada pelas relações capitalistas. Por isso não sigo doutrinas religiosas, não acredito nos partidos políticos e prefiro filmes a noticiários da TV. Quero desenvolver minha espiritualidade buscando o autoconhecimento; Quero participar politicamente, votando no menos ruim, embora saiba que na política a ética é apenas instrumento da retórica e, inevitavelmente, o menos ruim “evoluirá” para o ruim; Quero me informar sobre os acontecimentos vendo os fatos, porque a análise deles é o que existe de menos irrefutável nos órgãos da imprensa.
O amor é ainda a única fonte de verdade confiável, mas só aparece quando temos filhos. Os filhos gostam dos pais e muitos os respeitam, mas amor mesmo, verdadeiro, incondicional, só os pais sentem pelos filhos. Portanto, para chegarmos à verdade, temos que passar primeiro pelo amor. Não há amor nos sacerdotes; não há amor nos políticos e não há amor nos donos da imprensa, por isso eles jamais transmitirão a verdade.
Paulo Viana