quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Não quero ser Senador

Tristes homens, esses políticos, feitos da desesperança, forjados na mentira e nas promessas não cumpridas. Pobres homens, sem caráter, sem escrúpulos, cujo sangue frio não oxigena as áreas cerebrais que proporcionam o sentimento de humanidade. São homens mortos, pois é o otimismo que move a vida; que brilha nos olhos das mães dos recém-nascidos, sonhando com um mundo mais justo, mais harmonioso para eles. São defuntos que palram em palanques, vociferando a retórica enganadora; praguejando a falsa moral do democratismo falacioso, da politicagem egoísta e fomentadora de miséria. São porcos que saboreiam o contato com a lama, fuçando a podridão dos jogos ambiciosos dos senhores do dinheiro. São carcaças desumanas que se erguem pela perpetuação da ignorância, pela manutenção da indiferença e da deseducação.

Se houvesse mesmo um criador do mundo, estaria atrasado para a realização da primeira faxina em sua criação. Quanta sujeira! Quanta porcaria jogada no mundo, sem nenhum critério de seleção! Afinal, o mundo não tem uma lixeira? Há até quem use o nome desse pretenso criador para enganar pessoas simples e tomar seus parcos recursos.

Ainda bem que o mundo não se resume às excreções que povoam os parlamentos e outros recintos. Há revolta em muitos corações; há vontade de evoluir em civilidade, em comportamento cidadão, relacionamento maduro; há quem acredite que a humanidade livrar-se-á da política e dos políticos que pisam na moralidade e usam a ética apenas como palavra que torna o discurso esteticamente agradável.

E a imprensa? O suposto quarto poder? O poder paralelo? Não é nada disso. É tudo joio. A imprensa só denuncia aqueles que contrariam ou não atendem os seus interesses. Só existe um poder: o do dinheiro. Este, sim, é considerado Deus. Basta olhar os templos erguidos em seu nome. Pelo menos foi esse sentimento que eu tive quando vi o prédio de um banco, ao ser inaugurado. Quem poderia nos ajudar, então? Com certeza não vai ser o Chapolin Colorado. Os políticos e juízes? Não. Os Sarcedotes? Também não. Estão decadentes e cada vez mais distantes da moralidade. A Polícia? Sem comentários. Estamos sós?

Sós estaremos se não reconhecermos no outro o companheiro que pode empreender uma luta ferrenha, do cidadão, contra todos os péssimos hábitos da nossa sociedade. Sós estaremos se não estabelecermos o compromisso, e cumpri-lo, de não compactuarmos com o jeitinho, com a corrupção, com a venda do voto, com o consumismo desenfreado e com a degradação ambiental. Temos que acabar com esse complexo de republiqueta, que não evolui, que não alcança o patamar de civilização dos países europeus – embora tenha muitas restrições aos métodos usados por aquelas nações até atingir ao grau que atingiram.

O grande problema é... por onde começar? Se reconhecermos que o Brasil necessita urgente de um choque cultural, já estaremos começando. O próximo passo será acumular energia suficiente para provocar um choque significativo. Essa energia está justamente nos corações dos que estão indignados com os políticos. Não adianta fundar um partido. O jogo é envolvente e quem não quer jogar não é escalado. Fundar uma ONG? Quantas já foram fundadas? Milhares. Então, qual é o caminho?

Só existe um caminho: É o do indivíduo. Cada um fazendo a sua parte. Usando a velha filosofia socrática: O objetivo fundamental do homem é a prática da virtude. E não precisa de muito virtuosismo, basta ser honesto. Basta fazer o contrário do que os políticos, em sua grande maioria, fazem. Chega de ser considerado povo de segunda classe e desejar a realização dos piores exemplos de ideais.

Paulo Viana