sábado, 21 de maio de 2011

Segredo

Um segundo, apenas,

Só para contemplar esse segredo

Vislumbrar os códigos secretos

Surfar na luz plena de todas as verdades

Mesmo que se revelassem somente delírios

Sem que a profundidade se confirmasse

Ou fosse o que se afirma na superfície

Suavemente, como um jardim de plumas

Tão evidente como a paisagem

Tornando vã toda a ansiedade de passeio pela transcendência

A inatingível dimensão onde habitam a bondade e a perfeição

Onde está a resposta da primeira luz

E antes? Ah, essa inquietação sem freio, vã ansiedade oportunista

Delirar sobre o tempo, sobre o vento, as estrelas, o ontem

Querer confrontar-se com o impalpável

Declinar do confortável véu da ilusão

Ah, esse desejo infindo de saber, de por as mãos na essência do impossível

Cavalgar sob o dorso invisível da inerência

Um segundo seria o bastante

Pois, se é que existe esse segredo, uma vez visto,

Naquele instantâneo e mágico segundo,

O tempo estaria congelado eternamente

Porque a verdade se perenizaria na gnose

E veríamos, por fim, a extremidade

Que nos puxa para a recomposição do silêncio

Mas que ainda tateia na efervescência barulhenta do caos

Paulo Viana

2 comentários:

Antonio Morais disse...

Prezado Paulinho.

Estou sempre passando por aqui. As vezes em silencio, mas sempre admirando os seus poemas e comentando como hoje.

Abraços.

Paulo Viana disse...

Obrigado, Antônio Morais. Para mim é um prazer a sua visita. Volte sempre, mesmo. Abraços