segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Gases, Sinuca e a Dinamarca

Um silêncio... Uma fuga estratégica da palavra; Um momento sem reflexão, mergulhado no mundo dos filmes, da música, do esporte. Eis que ergo os olhos e vejo a conferência sobre redução de gases que provocam o efeito estufa e o aquecimento global. Assunto palpitante. As TVs o exploram com intensidade, provocando o terror e tornando–o mais nebuloso, sem querer usar trocadilho. Os técnicos derramam suas verborragias e seus termos científicos, e o telespectador comenta nas esquinas ou tomando uma cerveja anunciada logo depois da entrevista com o cientista. “Quem se importa com isso? O mundo vai acabar mesmo em 2012”, diria o profeta do botequim vizinho à universidade.

Que farsa bem articulada! Eles estabelecem percentuais de redução da emissão de gases tão precisos que, nos menos avisados, causam um alívio e uma expressão silenciosa: ”Puxa, ainda bem que vão salvar o Planeta”. No fundo o que eles querem mesmo salvar é o projeto de poder dos seus partidos, seus grupos, seus financiadores. Ninguém salva mais esse Planeta enquanto existir seres humanos morando nele. Quem vai defender interesses contrários aos das empresas que financiam campanhas, poluem, degradam e exploram o inofensivo Planeta Terra? Os países ricos? Os políticos? A política é o contraponto da ética. Os políticos não se preocupam, de verdade, com a situação em que se encontra a atmosfera. Preocupam-se, de fato, com a sofisticação da retórica, para demonstrar que se interessam em defender a vida e sua continuação, nos próximos séculos, mesmo sabendo que não estarão lá. Dá para acreditar que homens, cuja personalidade tem como base o egocentrismo, estão preocupados como viverão os habitantes futuros da Terra?

Tudo bem, sejamos mais tolerantes. Admitamos que saia alguma proposta desse bendito encontro. Vamos reduzir em 50% a emissão de gases, em média, considerando que os percentuais são diferentes para cada país. Alguém vai ter que pagar essa conta. Volto a perguntar: Os países ricos pagarão? Não. Certamente terão que reduzir a população do Planeta. Como? Não sei, mas misteriosos vírus têm aparecido e têm feito seu trabalho. E a cura do câncer? Por que não descobriram até hoje? Será que é tecnicamente impossível? Eu particularmente não sei, porém deixo essa pergunta no ar.

Não sou partidário da teoria da conspiração, mas não acredito na boa vontade de políticos. A política é a arte da manutenção do poder. Não existe mais vaga para países ricos. Os emergentes serão sempre emergentes e os pobres podem chegar à categoria de “em desenvolvimento”. Os ricos sufocarão em suas desconfortáveis estufas e, certamente, vão querer respirar ar puro nos escombros da desastrada Transamazônica. O mundo está em uma sinuca de bico, o Brasil é a “bola da vez” e a Amazônia é o pano verde dessa ridícula epopéia humana que culminará com a pergunta: Afinal, quem inventou mesmo esse tal ser humano?

Paulo Viana