sábado, 10 de outubro de 2009

A Vida é um Sonho

Busco um filosofar sem a resignação budista e nem a esquizofrenia franciscana, que prove a desnecessária prática da sofisticação da vida, que sistematize a simplicidade e demonstre os fundamentos de uma moral perfeita, sem relativismo, sem parcialidade, com a ética precisa do comportamento justo por excelência, com o encaixe ideal das reações emocionais. O sistema filosófico humanamente perfeito, sem moral religiosa ou interesse de classe, raça ou nação.

Procuro segredos da natureza, onde os padrões da vida seguem seu curso normal, sem a sujeira da cultura ou as armadilhas da razão. Desejo descobrir se houve um momento zero de equilíbrio absoluto, sem o desvirtuamento da ação humana, sem surpresas dos fenômenos naturais e se ainda é possível a retomada desse momento.

Gostaria de conhecer o ser humano cuja agressividade é canalizada para ações pacíficas, as frustrações não tenham nenhuma importância e o medo não caiba em seu cotidiano, porque as ameaças não existem.

No entanto, sei que tudo isso jamais existirá e temos que viver com a instabilidade do corpo e do espírito humano, as incertezas filosóficas, as intempéries naturais, a imprecisão moral, o relativismo ético e o inevitável caos provocado pela civilização errante que nos tornamos. Seria esse o melhor dos mundos? Somos Cândidos de Voltaire? Estaríamos forçados ao reconhecimento de que não temos e jamais teremos o controle sobre a vida e a natureza?

Pobres seres humanos! Condenados estamos a admitir a impotência e a incompetência sobre os rumos da vida. Que destino terá a vida? Sucumbirá?

Ainda bem que existe a música, porque nela identificamos conteúdos de um mundo perfeito, onde melodia, harmonia e ritmo unem-se para a materialização da linguagem universal dos sentimentos que nos fazem seres especiais, nos confortando e nos conformando; Entretendo-nos e divertindo; Nos acalmando e nos levando ao triunfo; Vencendo em um mundo transcendental, pois no mundo real fomos derrotados pelo sonho de nos transformarmos em nossa maior criação, ou seja, Deus.

Paulo Viana