quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Conflito

Tenho rido de mim ultimamente
Por querer conquistar o inconquistável
Feito um louco, senil, irresponsável
Delirante, perdido e demente
Mas o peito exclui a minha mente
E caminha sozinho nessa estrada
Pois o riso pra ele não é nada
E o que vale é seguir o sentimento
Se a razão acha isso um tormento
Coração desconversa e segue em frente

domingo, 24 de outubro de 2010

Dia dos Poetas

Versos nos contam histórias do coração, nos fazem ver em primeiro plano os vários sentimentos que vão sedimentando ausências, e de como a saudade assume o posto de quem partiu, vestindo-se de dor e de um desejo que parece satisfazer-se por alguns segundos, mas logo se reporta à distância. Mas os versos podem ser rasgos emocionados de paixão, transbordante, extremada, ávida por jogar-se em vestimentas ornadas por imagens, alegorias, fantasias e sentidos, traduzindo o inefável, que se configura em palavras, como paródias que os loucos fazem de si mesmos, ou parábolas miméticas de como circula o sangue e percute no ritmo cardiológico.

E se os poetas são loucos, é porque a linguagem de sua lucidez não se dá pelos caminhos tão fáceis de trilhar, como delineia a razão, mas por veias e vias que só os versos podem conduzir. E frases anárquicas, políticas, líricas, românticas, excêntricas transformam-se em mensagens poéticas, em códigos da emoção, em linguagem pura do sentir, em vontade última do dizer.

Que gritem esses loucos, para que os vejam em sua mais discreta intimidade, porque, o que são eles se não amantes de si mesmo, viscerais construtores que reproduzem seu íntimo em moderados, inflamados, censurados, cáusticos, intrépidos, apocalípticos, sensíveis, amorosos, apaixonados e sábios poemas?

Pois que não se anuncie a falência do que move os poetas, porque, se há vida, há compasso alterado dentro do peito, há impacto diante do visível e do que não pode ser visto, há combinação entre química e alma, haverá também poesia.

Paulo Viana