Liberdade é uma linda palavra que foi semeada nos corações dos guerreiros;daqueles cujo sentimento de justiça é o que estrutura sua alma, alimenta seu espírito e norteia seu caminhar pelas complicadas estradas das relações entre as pessoas. Foi o desejo de liberdade que edificou as cidades, desenvolveu a ciência, forjou, no cárcere íntimo dos sensíveis, a poesia, a literatura e todas as manifestações artísticas. Foi a luta pela liberdade que construiu e fez desmoronar civilizações.
A liberdade, no entanto, jamais é plena. Diariamente temos que analisar e avaliaras relações, principalmente entre governos e governados, com o objetivo de ajustar deficiências que distorcem a justiça, mascaram a igualdade de direitos, limitando, assim,o exercício da liberdade.
Buscamos, incessantemente, uma cultura de paz. Todos sabemos que sem justiça a paz é impossível, e sem liberdade para ir à luta a justiça fica mais distante.
É preciso, no entanto, assinalar que diante do emaranhado de valores, informações, desejos, orientações de consumo, a prevalência do acúmulo material, em detrimento da evolução espiritual, a política como instrumento da manutenção do poder e não como meio de preservar o bem comum, o enorme abismo de conhecimento entre uma minoria privilegiada e a grande maioria, o absurdo déficit educacional e de postura crítica, a opressão religiosa, que faz a moral se sobrepor ao querer transformar de forma radical a realidade, a extremamente complexa psicologia humana, com a variedade de personalidades e os diversos tipos de caráter e, por fim, a sofisticada estrutura de comunicação e ideologia da mídia, defensora intransigente e maliciosa do status quo, todo esse conjunto de fatores neutraliza a liberdade de grande parte das pessoas, facilitando a conservação de cenários onde a injustiça é sutilmente imposta com a máscara de conceitos sólidos como o de democracia.
Louvável é, portanto, a luta dos orientais contra ditadores instalados no poder como se donos fossem do povo, das leis e dos territórios. Admirável é a luta pela liberdade de mudar o que não está justo. E que tremam os que acham que a história acabou. Jamais acabará, porque a luta pela liberdade, pela justiça e pela paz é o fim último dos humanos. É o que marca mais profundamente a sua vocação para a ilusão. Ilusão que não pode se perder porque é o que nos faz acreditar que a vida tem um sentido.
Paulo Viana