Recebi, há poucos dias, um vídeo onde Charles Aznavour canta com suas filhas, numa apresentação emocionante. Não bastasse o valor desse grande artista francês, as filhas demonstraram talento, além da beleza e da jovialidade.
Por falar em jovialidade, a letra da música me despertou a atenção. Misto de lamento e aviso, a letra trata sobre a idade de vinte anos, as escolhas erradas, o tempo perdido e o retorno impossível. Talvez um melancólico apelo aos jovens, no sentido de que eles fiquem atentos ás bobagens que fazem ou até mesmo às que deixam de fazer, para que, no futuro, não venham a se arrepender. Tudo dito em bonitos versos, numa poesia melodiada com maestria e em vozes afinadíssimas com a emoção e com a harmonia.
Não sei quem é o autor dos versos, mas procurei ver, naquele momento, Aznavour olhando nos olhos das jovens filhas e, como pai cuidadoso, dizendo-as para entenderem bem o que elas próprias estavam cantando.
Nós, os pais, imaginamos que nossa experiência possa conduzir a vida dos filhos de forma que eles não cometam os erros que supostamente tenhamos cometido. É natural e obrigatório, desempenhando esse papel de Pai, querermos o melhor para suas vidas, não só com a intenção de exercer a responsabilidade e ficar com a consciência tranquila. Porém, quero crer que a maior parte do esforço em mostrar nossas experiências, citar os erros, enumerar os acertos, enfim, indicar o”caminho das pedras”, é desconsiderada. Os jovens têm seus próprios horizontes. Os valores são outros, o momento é historicamente diferente e as perspectivas são diversificadas. Não podemos exigir que sigam o mesmo caminho que seguimos. Podemos, sim, dizer como foi nossa caminhada.
Aznavour pode olhar para suas filhas e perguntar, cantando com sua voz talentosa: onde estão meus vinte anos? O que foi feito dos meus planos? Em que pontos da estrada foram ficando meus sonhos? Suas filhas certamente dirão: eu quero ter meus próprios sonhos; quero cometer meus próprios erros e não quero planejar nada para o futuro, porque só interessa o momento.
Seria bom se, indicando o rumo que entendemos como ideal para a vida dos nossos filhos, eles não ficassem fragilizados pela falta da vivência e pela oportunidade perdida de conviver com a realidade crua; com o experimentar do inesperado; com a exigência de uma escolha rápida; com a necessidade de desistir e tomar outro rumo e com a busca de realizar seu próprio sonho.
Nossos filhos não precisam que digamos qual o caminho que eles têm que seguir. Eles precisam da oportunidade para que possam fazer suas próprias escolhas, confiantes em suas atitudes, corretos em seus comportamentos e fortes para erguer-se de cada queda que venham a sofrer. Para isso, é preciso que sintam o amor que temos por eles. E não basta dizer que os amamos. Não é suficiente prover de todos os bens materiais que desejam. É preciso mostrar, a cada dia, que esse amor é verdadeiro: não superprotegendo-os, mas oferecendo atenção, carinho, disciplina, exemplos e, sobretudo, perdão.
Devo dizer, no entanto, que cada experiência é única. Cada relação entre pais e filhos tem suas próprias características e seu dinamismo. Não há um manual que possa ser aplicado a todos os casos. Mas podemos dizer, com certeza, que quando nossos filhos tiverem seus próprios filhos dirão: “Agora eu sei o que meus pais queriam me dizer”.
Infelizmente não posso incluir o vídeo no Post.
Paulo Viana
Por falar em jovialidade, a letra da música me despertou a atenção. Misto de lamento e aviso, a letra trata sobre a idade de vinte anos, as escolhas erradas, o tempo perdido e o retorno impossível. Talvez um melancólico apelo aos jovens, no sentido de que eles fiquem atentos ás bobagens que fazem ou até mesmo às que deixam de fazer, para que, no futuro, não venham a se arrepender. Tudo dito em bonitos versos, numa poesia melodiada com maestria e em vozes afinadíssimas com a emoção e com a harmonia.
Não sei quem é o autor dos versos, mas procurei ver, naquele momento, Aznavour olhando nos olhos das jovens filhas e, como pai cuidadoso, dizendo-as para entenderem bem o que elas próprias estavam cantando.
Nós, os pais, imaginamos que nossa experiência possa conduzir a vida dos filhos de forma que eles não cometam os erros que supostamente tenhamos cometido. É natural e obrigatório, desempenhando esse papel de Pai, querermos o melhor para suas vidas, não só com a intenção de exercer a responsabilidade e ficar com a consciência tranquila. Porém, quero crer que a maior parte do esforço em mostrar nossas experiências, citar os erros, enumerar os acertos, enfim, indicar o”caminho das pedras”, é desconsiderada. Os jovens têm seus próprios horizontes. Os valores são outros, o momento é historicamente diferente e as perspectivas são diversificadas. Não podemos exigir que sigam o mesmo caminho que seguimos. Podemos, sim, dizer como foi nossa caminhada.
Aznavour pode olhar para suas filhas e perguntar, cantando com sua voz talentosa: onde estão meus vinte anos? O que foi feito dos meus planos? Em que pontos da estrada foram ficando meus sonhos? Suas filhas certamente dirão: eu quero ter meus próprios sonhos; quero cometer meus próprios erros e não quero planejar nada para o futuro, porque só interessa o momento.
Seria bom se, indicando o rumo que entendemos como ideal para a vida dos nossos filhos, eles não ficassem fragilizados pela falta da vivência e pela oportunidade perdida de conviver com a realidade crua; com o experimentar do inesperado; com a exigência de uma escolha rápida; com a necessidade de desistir e tomar outro rumo e com a busca de realizar seu próprio sonho.
Nossos filhos não precisam que digamos qual o caminho que eles têm que seguir. Eles precisam da oportunidade para que possam fazer suas próprias escolhas, confiantes em suas atitudes, corretos em seus comportamentos e fortes para erguer-se de cada queda que venham a sofrer. Para isso, é preciso que sintam o amor que temos por eles. E não basta dizer que os amamos. Não é suficiente prover de todos os bens materiais que desejam. É preciso mostrar, a cada dia, que esse amor é verdadeiro: não superprotegendo-os, mas oferecendo atenção, carinho, disciplina, exemplos e, sobretudo, perdão.
Devo dizer, no entanto, que cada experiência é única. Cada relação entre pais e filhos tem suas próprias características e seu dinamismo. Não há um manual que possa ser aplicado a todos os casos. Mas podemos dizer, com certeza, que quando nossos filhos tiverem seus próprios filhos dirão: “Agora eu sei o que meus pais queriam me dizer”.
Infelizmente não posso incluir o vídeo no Post.
Paulo Viana