quinta-feira, 19 de maio de 2011

Eternidade Obsessiva

Quando me enxerguei naquela imensidão estranha

Como se fosse um ser distinto e privilegiado

Pensei ter descoberto a eternidade, o infinito gozo do viver

E me fortaleci na pedra e no poder das mãos

Arrancando pedaços do ser e jogando na construção da minha individualidade

Reconstruindo a alma, agora frágil e suscetível alma

Devastando a vida ao meu redor, por entender-me como a vida maior

Com o olhar petrificado no horizonte infindo

Mas eis que o vulnerável templo se desfez no outro

E vermes invisíveis o fizeram pó

Meu destino ficou claro e o olhar viu a angústia e a efemeridade de ser e estar

E a presença do não ser me fez obsessivo, buscando o ser eterno

E ainda quero e faço-me ciente e ciência disso

A força inerente da vida me fez abraçar o desafio

Antes que caia o último meteoro

Antes que hecatombes destruam a última combinação de carbono

Nem que me reste somente a última molécula de ar puro

Que haja sucumbido toda a beleza e todos os outros seres

Com minhas mãos e o pensamento buscarei a eternidade

Pois me dei o direito de assumir o papel de Deus

Da criatura forjada no medo, que criei e agora descarto

Pois já não creio mais na sutileza e permanência do espírito

Sou eu o senhor do destino

Sou eu que vagueio entre o herói e o ridículo

Paulo Viana

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