Escritores, filósofos, psicólogos, poetas, pessoas comuns e outros seres falantes tentaram descrever, de forma acabada, com adjetivos definitivos, o Homem e a Mulher. Das tentativas que eu conheço, a mais bonita é a de Victor Hugo. Ele consegue evidenciar as diferenças sem degradar nenhum, pelo contrário, eleva-os a uma categoria divina, que nos fazem presumir serem obras de um ser muito superior.
Com todo respeito a Victor Hugo e a todos os outros, quero falar sobre homens e mulheres sem idealizá-los, concentrando-me na vida real, no calor da convivência diária, com dores, alegrias, decepções, frustrações e conquistas.
É bom lembrarmos que os homens e as mulheres mudaram muito, ao longo da história, com estas ocupando espaços, hoje, que em outros tempos eram muito “inadequados”. Limitações defendidas pelas religiões, que, de certa forma, masculinizaram Deus e “feminilizaram” o diabo.
Todos os processos culturais, embora diferenciados, mantiveram em comum a realização instintiva da reprodução da espécie, numa estrutura em que se preservava a união básica entre os dois, homem e mulher, para a garantia do desenvolvimento da cria, cuja dependência exigia uma proteção fortalecida pela organização de um núcleo, com tarefas bem definidas. Em princípio, o homem, por ser fisicamente mais adequado às tarefas perigosas, saía para caçar e guerrear. A mulher permanecia em “casa”, fazendo os, não menos pesados, trabalhos domésticos e cuidando dos filhos. Uma vida simples, saudável e com as dificuldades próprias da situação. Os anseios resumiam-se na garantia do alimento e da sobrevivência do núcleo familiar. O homem era o provedor, o que tinha o poder e a força. Achava-se ele, portanto, mais habilitado a ser o interlocutor dos Deuses, chegando a oferecer as mulheres, em sacrifício, para acalmá-los. Talvez, como os animais totêmicos, a mulher tenha sido uma das primeiras versões de moeda. O homem já demonstrava o seu egoísmo, num ato em que dizia aos deuses: se queres um de nós que pegues a mulher.
Louve-se a mulher, que, a despeito da história, dos livros sagrados; das religiões; dos homens; da desvalorização do seu árduo trabalho doméstico e de sua capacidade gestacional, conseguiu se reclassificar na avaliação da importância dos membros do casal, saindo da condição de coadjuvante para tão importante parceira, não só na realização das tarefas para proteção do núcleo, mas, fundamentalmente, na construção de uma civilização menos arrogante, mais sensível, mais preservadora e mais honesta. E se algumas cometem certos erros é porque se deixaram contaminar pelas práticas dos homens, no que de pior eles têm.
As mulheres estabeleceram uma meta e não é a igualdade com os homens. Isto não só é impossível, dada as características diferentes, mas desnecessário, porque elas querem ser mulheres, com direito a viverem todo o seu potencial, e não ser como os homens. Elas não querem ser apenas objeto da poesia, da filosofia ou da psicologia; elas querem viver a poesia, filosofar e realizar-se em toda a sua psique.
Os homens, antes patriarcas do núcleo, as figuras que determinavam os caminhos, olham, hoje, com perplexidade, as mulheres passarem em suas caminhadas rumo a elas mesmas, e nem percebem que elas os convidam. E se não cuidarem elas vão mesmo sozinhas. Eles, por sua vez, não sabem mais andar, estão parados, porque, na realidade, nunca souberam, sempre tiveram o apoio das mulheres. Estas sim, descobriram que podem ir longe, sem eles. Melhor com eles, se quiserem.. Não com os homens fragilizados pela perda da hegemonia, mas com os homens que reconhecem as mulheres como guia e que possam segui-las , pois elas carregam consigo um mapa de um caminho menos tortuoso. Um caminho que os levará para uma vida mais promissora, onde o amor é a palavra chave, onde o feminino e o masculino não sejam apenas referências para diferenciar o sexo e sim elementos base de um ser humano único, mais completo, fundidos com um só interesse: a elevação da vida como a verdadeira obra-prima da Natureza. Enquanto isso é assim que vejo o homem e a mulher. A mulher idealizando-se a cada conquista e o homem desconstruindo-se enquanto ideal. Neste momento, em que eles se cruzam em jornadas cujo caminhos têm sentidos opostos, é a oportunidade de se unirem, desta vez sob o comando das forças femininas, para reescreverem a história da humanidade.
Paulo Viana
Com todo respeito a Victor Hugo e a todos os outros, quero falar sobre homens e mulheres sem idealizá-los, concentrando-me na vida real, no calor da convivência diária, com dores, alegrias, decepções, frustrações e conquistas.
É bom lembrarmos que os homens e as mulheres mudaram muito, ao longo da história, com estas ocupando espaços, hoje, que em outros tempos eram muito “inadequados”. Limitações defendidas pelas religiões, que, de certa forma, masculinizaram Deus e “feminilizaram” o diabo.
Todos os processos culturais, embora diferenciados, mantiveram em comum a realização instintiva da reprodução da espécie, numa estrutura em que se preservava a união básica entre os dois, homem e mulher, para a garantia do desenvolvimento da cria, cuja dependência exigia uma proteção fortalecida pela organização de um núcleo, com tarefas bem definidas. Em princípio, o homem, por ser fisicamente mais adequado às tarefas perigosas, saía para caçar e guerrear. A mulher permanecia em “casa”, fazendo os, não menos pesados, trabalhos domésticos e cuidando dos filhos. Uma vida simples, saudável e com as dificuldades próprias da situação. Os anseios resumiam-se na garantia do alimento e da sobrevivência do núcleo familiar. O homem era o provedor, o que tinha o poder e a força. Achava-se ele, portanto, mais habilitado a ser o interlocutor dos Deuses, chegando a oferecer as mulheres, em sacrifício, para acalmá-los. Talvez, como os animais totêmicos, a mulher tenha sido uma das primeiras versões de moeda. O homem já demonstrava o seu egoísmo, num ato em que dizia aos deuses: se queres um de nós que pegues a mulher.
Louve-se a mulher, que, a despeito da história, dos livros sagrados; das religiões; dos homens; da desvalorização do seu árduo trabalho doméstico e de sua capacidade gestacional, conseguiu se reclassificar na avaliação da importância dos membros do casal, saindo da condição de coadjuvante para tão importante parceira, não só na realização das tarefas para proteção do núcleo, mas, fundamentalmente, na construção de uma civilização menos arrogante, mais sensível, mais preservadora e mais honesta. E se algumas cometem certos erros é porque se deixaram contaminar pelas práticas dos homens, no que de pior eles têm.
As mulheres estabeleceram uma meta e não é a igualdade com os homens. Isto não só é impossível, dada as características diferentes, mas desnecessário, porque elas querem ser mulheres, com direito a viverem todo o seu potencial, e não ser como os homens. Elas não querem ser apenas objeto da poesia, da filosofia ou da psicologia; elas querem viver a poesia, filosofar e realizar-se em toda a sua psique.
Os homens, antes patriarcas do núcleo, as figuras que determinavam os caminhos, olham, hoje, com perplexidade, as mulheres passarem em suas caminhadas rumo a elas mesmas, e nem percebem que elas os convidam. E se não cuidarem elas vão mesmo sozinhas. Eles, por sua vez, não sabem mais andar, estão parados, porque, na realidade, nunca souberam, sempre tiveram o apoio das mulheres. Estas sim, descobriram que podem ir longe, sem eles. Melhor com eles, se quiserem.. Não com os homens fragilizados pela perda da hegemonia, mas com os homens que reconhecem as mulheres como guia e que possam segui-las , pois elas carregam consigo um mapa de um caminho menos tortuoso. Um caminho que os levará para uma vida mais promissora, onde o amor é a palavra chave, onde o feminino e o masculino não sejam apenas referências para diferenciar o sexo e sim elementos base de um ser humano único, mais completo, fundidos com um só interesse: a elevação da vida como a verdadeira obra-prima da Natureza. Enquanto isso é assim que vejo o homem e a mulher. A mulher idealizando-se a cada conquista e o homem desconstruindo-se enquanto ideal. Neste momento, em que eles se cruzam em jornadas cujo caminhos têm sentidos opostos, é a oportunidade de se unirem, desta vez sob o comando das forças femininas, para reescreverem a história da humanidade.
Paulo Viana
14 comentários:
IMPOSSÍVEL passar por esse belo texto e não fazer algum comentário - é um belo presente de natal. É assistir a história do ser humano, vindo das cavernas e chegando ao seculo xxi. É ler a grande (r)evolução feminina - mulher parceira e um homem companheiro. Juntando tudo isso, acho que a passagem do homem na terra é procurar SEMPRE ser melhor cada vez mais - ser mais compreensivo, tolerante e bem humorado - principalmente. um beijo e um bom fim de semana nesse visual que você recebe de graça todos os dias das mãos de Deus.
Ronilda
Você ilustraria muito bem essa (r)evolução.
Quero muito compartilhar com vocês esse visual, compartilhando, também, a aventura de se estar vivo e de já ter boas memórias para celebrar.
Beijo
Paulinho, você sempre diz o que penso...... beijos te amo
Licinha,
Você é uma das mulheres que me inspiram a pensar assim.
Um beijo.
Grande Paulo,
Muito bom o seu texto! Mas... Como você foi generoso com os homens! E quem falou que o dueto - macho e fêmea - se cruza, no momento da nossa existência? A mulher há muito tempo contempla os píncaros do universo. A sua delicadeza, inteligência, paciência e tirocínio o fazem conduzi-las ao pelotão de vanguarda. Elas são únicas.
Fisicamente, guardando as estatísticas, o homem parece ser mais forte que a mulher. Não esquecer, porém, que em muitos países do mundo, os homens apenas rezam, enquanto as mulheres realizam as tarefas mais pesadas. “O ser humano é um produto do meio”.
Portanto, caro escritor, só existe dois caminhos a seguir: Ou ficamos a contemplá-las, o que pra mim é muito salutar. Ou tentemos segui-las.
Caro Sávio,
O cruzamento se dá porque os dois estão em sentidos opostos: Os homens em decadência e as mulheres em busca dos píncaros. Se aceitarmos o convite a humanidade pode ter uma solução partilhada; se ficarmos a contemplá-las, como gostamos de fazer,a solução será monopolizada por elas e aí armazenarão espermas, sintetizarão em laboratório ou seja lá o que for, que a tecnologia permitir; curtirão a delicadeza umas das outras e nós ficaremos literalmente na mão.Eu falo nós, mas quero dizer, os homens do futuro.
Abraço
Paulinho,
Você e um escritor maravilhoso, um beijo te amo
Nonato
Paulo
A eterna dualidade: o masculino e o feminino na conquista do unico, do Absoluto. Embora diferentes, necessitam-se para se completarem.
Enfim...
"O homem está colocado onde termina a terra;
A mulher onde começa o céu..." Vitor Hugo
Votos de Feliz Natal para ti e teus familiares e que o teu sapatinho fique recheado de prendas lindas como saúde, amizade, alegria, paz, poesia, sonhos, amor, compreensão para que o Novo Ano seja aquele que se deseja.
Um bejinho,
Isabel Branco
Obrigada por elevar o ser mulher tão amorosamente, mas penso eu q tudo foi planejado...pela mulher.
Qdo vejo guerras, desfiles de moda, o comércio enlouquecido nas épocas de festa...etc, etc. Sinto q o ser homem é completamente e cruelmente manipulado pelo lado maquiavélico q nós mulheres sabemos exercer com perfeição. Somos bem sacanas c/ a humani-
dade qdo queremos.E c/ uma frieza... Afinal, nós é q criamos os "homenzinhos" da casa...rsrs.Te amo. bj
Isabel,
Muito grato.
Pra você e seus familiares desejo um Feliz Natal e um ano novo realizador de todos os bons sonhos.
Paulo
Pra você, Nonato Luís,grande primo, pessoa iluminada, desejo um Feliz Natal e sucesso ascendente cada vez mais.
Paulo
Inês,
Concordo com você. Os homens sempre pensaram que mandavam no pedaço, mas as mulheres por muito tempo acreditavam que isto era verdade. Depois que elas descobriram a força que têm...coitados de nós.
Beijo
Quando irás escrever sobre aquele assunto sobre o qual conversamos, gostaria de ver o aprofundamento da idéia e as opiniões sobre ele. A propósito Feliz Natal!
Fernão.
Fernão!
Que surpresa agradável! É um assunto muito complexo que talvez exija pesquisa para que seja aprofundado. Porém, tenho a minha opinião, que é apenas opinião. Vou refletir sobre a sua proposta e em breve escreverei.
Um grande abraço!
Grato pela visita. Espero que seja só a primeira de muitas.
Postar um comentário